Era em um banco da praça que observava as pessoas,
Homem, mulher, criança, cada ser que ali passava, Nenhum passante escapava do meu olhar, Pois sempre tive o dom de ler os corações, Seus sofrimentos, angústias, desejos, em suas expressões.
Estranho garoto, com comportamentos únicos, Modos peculiares e papo intrigante até hoje, Já acreditei em muitas coisas, mas hoje, As antigas fascinações já não me tocam, Sou entusiasta do novo, das ideias, do mundo que roda, Política e religião, não me prendem mais, nem um segundo.
Sinto-me livre como um paraquedista em queda livre, Quero experimentar a intensidade da vida, com suas dores, Sem que alguma divindade interfira ou me faça acreditar, É por conta própria, essa é a minha forma de caminhar.
Há momentos na vida em que me sinto estranho e único, Mas comigo, é sempre assim, do acordar ao dormir, Um dia, enquanto observava as pessoas na praça, Pisquei os olhos e vi um homem me encarando, Parado como uma estátua, observando cada detalhe, Não deixei que me encarasse sem retribuir o olhar.
Ele se aproximou, seu peito batendo forte, Senti o ar quente de sua respiração, Olhando-o, vi o medo em seus olhos, E perguntei: "-Você tem medo de algo ou alguém?" Ele suspirou e respondeu: "-De você!"
Foi então que percebi, diante do espelho estava, Encarando a mim mesmo, num momento de introspecção, Refletindo sobre minha própria estranheza, Em meio às multidões, uma alma em busca de direção.