sábado, 17 de janeiro de 2009

Sem pressa pra chegar.

Na porta em pé, com um pedaço de pão na mão e olhando para o céu do dia dois de julho de 1983, eu estava de férias escolares e minha avó havia preparado o café para mim e meu irmão. A casa estava sem graça, pois nossa bisavó havia estado conosco por alguns dias e sentíamos falta daqueles momentos com ela.

Um pano quadriculado azul cobria a mesa toda enquanto a bisavó partia o pão com os dedos. Parte do sol adentrava a casa e refletia na mesa, bem sobre as mãos envelhecidas dela. Ao terminar seu café, ela juntava os farelos que caíam sobre aquele pano azul com os dedos calmamente. Como era bom. Ela transmitia paz e vida. Vida simples. Sem pressa para chegar.

Suspirei e subi para a laje onde eu gostava de ficar. Na quina da laje, balançando os pés e deitado meio corpo, olhando para as nuvens. Não queria sair, pois os meninos gostavam de brincar com meu irmão mais novo e não comigo. Eles sempre riam de mim. Mas nunca levei a sério. E criança leva alguma coisa a sério? Pensando bem, eu levava sim. Queria muito brincar, mas nunca fui bom em absolutamente nada. Só em desenhar, mais nada. Só em escrever, mais nada. Só em falar besteiras, mais nada. Besteiras como as que eu escrevo.

Um dia, saí para andar sozinho e um menino, filho de uma vizinha, me chamou. Puxa, como fiquei feliz. Ninguém nunca me chamava para nada. Mas quando entrei na casa do Reginaldo, ele me acusou de ter roubado um dos inúmeros carrinhos que ele colecionava. Ora, eu nunca havia entrado na casa daquele menino, era a primeira vez, e mesmo em meio às ameaças dele (que não me importei tanto), ainda deu tempo de apreciar pela primeira vez uma coleção de carrinhos.

'Sem pressa para chegar', era o que minha bisavó demonstrava. Nunca fui bom de briga, por isso, foi aos empurrões que aquele menino me expulsou de sua casa, dizendo para que nunca mais voltasse ali. Mas também, nunca tinha entrado lá, nem mesmo passado pelos portões. Talvez, aquele menino pensasse que eu havia aprendido a lição, mas eu nem pensava mais nas broncas e ameaças daquele menino; só voltei para casa, subi na laje e voltei a sonhar olhando para as nuvens.


Já viu um D?

Já viu um D? Isso mesmo. Um D de verdade. Um D sem defeito. É lindo ver um D bem desenhado, decorado. Minha mãe prefere o dourado. De qualqu...