Foi ainda na adolescência quando criei o hábito de escrever sobre qualquer coisa que vinha na cabeça em especial, histórias da minha infância e juventude. Ainda escrevo algumas coisas e algumas delas são legais, outras porém, um pouco pesadas, pois a vida adulta é complicada e temos altos e baixos. Em 2004, todos os textos foram migrados para a plataforma Blogger e talvez encontre divergências nas datas de postagens. Enjoy it!
sexta-feira, 14 de janeiro de 2000
Nos meus dias
Após decidir revisitar o passado em busca de justificativas para o presente, deparei-me com milhares de questionamentos. Seria diferente se eu... sei lá. Na verdade, nunca fui feliz. Sempre agi da forma que achava ser correta, mas ninguém via assim. Vi-me como o moleque desobediente, o amigo retardado, o namorado incompreendido, o esposo ausente. Na minha cabeça, pensei várias vezes em desistir de existir, por ser excluído e mal entendido, mas deixar tudo e todos que gosto seria um sacrifício maior do que posso oferecer. Lacunas. Vejo minha vida como uma numeração de 1 a 10, faltando 6 números. É impossível ser quem eles querem. Do jeito que eles definem como perfeito. Mas e se eu não posso ser quem sou, serei apenas o projeto que idealizam?
Não, prefiro ser assim. Esquecido e distraído. Mal amado e mal compreendido. Apenas eu, no mundo, caminhando do nada para o nada. Não entendo o que falam. Não entendo uma única coisa que dizem. Quero ficar só. Quero ficar comigo mesmo, e assim está bom. Por que me querem nos bares e em conversas altas que não me interessam? Por quê? Deixem-me em paz. Ninguém sabe quando choro, nos meus sonhos e encontros com a morte, com o silêncio, com a solidão. É difícil acreditar, mas não acredito na vida. Nem mesmo na morte quando ela se apresenta a mim. Ela mente a cada instante. Todos mentem, e não confio em ninguém. Meus pais e meus filhos me abandonarão, e ninguém me verá depois de tudo. Ninguém conseguirá fazer meu coração bater mais rápido do que precisa. Minha inconstância e minha falta de memórias. Hoje mesmo vejo minha mente se perder naquilo que não deveria. Vejo-a emudecer quando deveria falar, vejo-a falando quando deveria se calar. Não aguento mais. Quero gritar, uivar, cantar, tamborilar meus dedos em alguma superfície. Quero roer minhas unhas, morder plásticos e liberar toda a raiva assim. Posso?
Esses são os meus dias. Olhem para mim. Como uma formiga correndo para escapar de pés grandes e abismos profundos sem fim. Trevas que me cercam e dominam minha mente durante o sono. Nu. Pobre. Miserável. Insuportável. Com frio. Sozinho. No escuro. O nada. Permitam-me cansar. Deixem-me sentar. Parar um pouco. Permitam-me amarrar minhas mãos com uma faixa. Deixem-me ficar sem camisa e andar sobre pedras geladas. Sem compromissos. Sem hora para voltar. Eu não sou quem sou. Sou um produto criado pela sociedade. Tenho que ser assim? Todos brigam. Todos lutam até a morte por seus direitos e eu não posso lutar para ser quem realmente sou? Quero acordar desse sono. Quero sair desse sonho. Quero viver aqui. Onde me vejo agora. E esse lugar não é o mesmo que eu vejo.
Assinar:
Postagens (Atom)
Já viu um D?
Já viu um D? Isso mesmo. Um D de verdade. Um D sem defeito. É lindo ver um D bem desenhado, decorado. Minha mãe prefere o dourado. De qualqu...
-
A música começa a tocar, e de repente sou transportado para outro lugar. Uma cena de um filme, um momento marcante, uma emoção avassaladora....
-
Meus brinquedos nunca se quebravam. E foi assim que entendi que embora nada durasse para sempre, eu poderia muito bem me atuali...
-
Não quero cruz e nem orações. Não quero preces, talvez lamentações e dor. Talvez. Não quero padres nem pastores. Não fui ovelha e nem filho ...