sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

Ouço vozes, converso sozinho e conto passos.

Ouço vozes, conto passos, Pulo rachaduras no chão e falo comigo mesmo. A última coisa que quero fazer em vida é observar as cores. Ouço vozes, vejo pessoas. Pessoas de verdade. Não entendo muito a língua que se fala, Mas quem fala comigo entendo.

Conheço alguém que ninguém vê, só eu. Ouço vozes de vivos e de mortos. Ouço vozes de quem ainda nem existe. Danço, canto, penso, leio e escrevo, mas ninguém lê. Ninguém lê porque ninguém existe perto de mim, No mundo só existe eu e quem eu criei e inventei pra mim.

Ouço vozes, choro e poucas vezes risos. Ouço gritos, gritos de dor e de solidão. Gritos mudos. Já pedi calma uma vez, mas o desespero era bem maior. Queria ter poderes para fazer com que nada existisse de verdade. Acho que acabará como começou. Do nada para o nada.

Ouço vozes e um canto triste. Cantam para mim, pois ouço meu nome nessa canção. Uma voz hipnotizante e atraente que traz alegria mesmo sendo triste. Traz paz ao mesmo tempo do desespero. São toques que tocam a alma e a rasga de alto a baixo.

Ouço vozes, conto passos e vejo tudo que aconteceu. Não consigo ver o que será, mas sei o que irá acontecer. Passou tudo muito rápido E são tantas coisas que quero te contar mas não dará tempo.

Não quero entender nada. Não quero perdão de ninguém mais. Ouço vozes mas converso comigo mesmo. Só. Sempre foi assim. Não falarei mais e ninguém me ouvirá. Me deixaram só e é só que agora eu quero ficar. Fui trancado e me acostumei aqui dentro. Não quero sair.

Onde todos foram? Fiquei só novamente. Ouço vozes, mas todos se escondem de quem sou. Ninguém se importa se conto passos. Não queria ser diferente. O mundo é igual e tão desigual que parecerei normal.

Já viu um D?

Já viu um D? Isso mesmo. Um D de verdade. Um D sem defeito. É lindo ver um D bem desenhado, decorado. Minha mãe prefere o dourado. De qualqu...