Foi ainda na adolescência quando criei o hábito de escrever sobre qualquer coisa que vinha na cabeça em especial, histórias da minha infância e juventude. Ainda escrevo algumas coisas e algumas delas são legais, outras porém, um pouco pesadas, pois a vida adulta é complicada e temos altos e baixos. Em 2004, todos os textos foram migrados para a plataforma Blogger e talvez encontre divergências nas datas de postagens. Enjoy it!
quarta-feira, 14 de janeiro de 1998
Solidão acompanhada.
Lá de cima onde ninguém me via. Ninguém me encontrava.
Do céu para a terra, minha perspectiva era única. Lá de cima, em meu refúgio secreto no telhado, eu observava o mundo ao meu redor com curiosidade e fascinação. Enquanto estava invisível para os outros, eu tinha uma visão privilegiada da vida cotidiana da vizinhança.
Certo dia, avistei duas senhoras idosas que cochichavam animadamente sobre os acontecimentos locais. Suas expressões e gestos me intrigavam, e eu tentava decifrar o que estavam falando. Mais adiante, vi meu vizinho briguento, conhecido como "playboy", agitado e irritado com algo que aconteceu. Ele gesticulava com raiva e eu imaginava o motivo de sua fúria.
Minha atenção então se voltou para minha amiga de infância, que saía de casa com uma mochila nas costas. Fiquei curioso para saber para onde ela estava indo e o que estava planejando. Os carros que passavam pela rua chamavam minha atenção, com suas cores e modelos variados. Eu imaginava as histórias que aconteciam dentro deles, os destinos para onde as pessoas estavam indo.
Mesmo estando lá em cima, em meu esconderijo, eu também sentia saudades de certas coisas. Saudades daquela árvore que costumava me esconder quando eu era criança, o local onde eu passava horas brincando e observando o mundo ao redor. A lembrança da sensação de estar protegido sob sua sombra me trazia uma nostalgia profunda.
As tardes de novembro eram especialmente tranquilas e eu apreciava a calma da rua vista do alto. Eu observava as pessoas passarem, os animais que transitavam pelas calçadas, os eventos que aconteciam na vizinhança. Mesmo sendo um observador invisível, eu me sentia conectado ao mundo ao meu redor, absorvendo cada detalhe com curiosidade e fascínio.
Ao mesmo tempo, porém, eu me sentia solitário. Lá de cima, eu tinha uma perspectiva única, mas também estava isolado dos outros. Eu não podia interagir com as pessoas ou compartilhar minhas próprias experiências. Eu observava a vida acontecer ao meu redor, mas me sentia distante, como se estivesse em um mundo separado.
Às vezes, eu me questionava sobre minha invisibilidade. Por que as pessoas não me viam? Será que eu era apenas um observador passivo, destinado a assistir a vida dos outros de longe, sem ser notado? Esses pensamentos me deixavam triste e melancólico, mesmo enquanto eu continuava a observar o mundo ao meu redor.
No entanto, mesmo com essa sensação de isolamento, eu também encontrava conforto em minha posição única. Lá de cima, eu podia ver a beleza e a complexidade da vida cotidiana, as nuances e os detalhes que muitas vezes passavam despercebidos. Eu desenvolvia uma compreensão mais profunda das pessoas e do mundo, e isso me fazia sentir especial de alguma forma.
Com o tempo, minha perspectiva mudou. Eu percebi que, embora eu pudesse ver o mundo de lá de cima, vi que não poderia ficar lá a vida toda. Um dia, eu seria visto.
Deserto?
Quando estamos no deserto, a única certeza é que nos próximos 20 dias, 60 dias, o que veremos é deserto. Areia. A paisagem é a mesma durante esses dias, e muitas vezes nos sentimos perdidos, sem referências, sem saber o que esperar. Mas, nesse ambiente árido e aparentemente vazio, algo incrível pode acontecer. O deserto nos convida a olharmos para dentro de nós, a nos questionarmos "quem somos nós?"
Em meio à imensidão do deserto, somos forçados a olhar para dentro de nós mesmos, a enfrentar nossos medos, inseguranças, desejos e sonhos. A ausência de distrações externas nos obriga a encarar nossos próprios pensamentos, emoções e verdades mais profundas. A solidão do deserto pode nos levar a uma jornada interna de autoconhecimento, onde nos confrontamos com nossos aspectos mais sombrios e também descobrimos nossas virtudes.
É nesse momento que aprendemos a apreciar a areia, que antes parecia monótona e sem vida. Passamos a enxergar a beleza nas pequenas coisas, nas sutilezas do deserto. Aprendemos a valorizar cada gota de água, cada brisa, cada pôr do sol. Descobrimos que mesmo em meio à aridez, há vida pulsante e beleza escondida.
O deserto também nos ensina sobre a resiliência e a capacidade de adaptação. Aprendemos a lidar com a escassez, a enfrentar os desafios do ambiente hostil, a encontrar soluções criativas para os problemas que surgem. Aprendemos a ser pacientes, a perseverar mesmo quando tudo parece difícil. Aprendemos que, assim como o deserto tem suas estações, a vida também é feita de ciclos e transformações.
Além disso, o deserto nos convida a refletir sobre nossa essência, nossos propósitos e nossos valores. Quando nos distanciamos do ruído do mundo exterior, temos a oportunidade de nos reconectar conosco mesmos, de nos perguntarmos quem realmente somos e o que realmente importa em nossa vida. O deserto nos incentiva a buscar uma compreensão mais profunda de nós mesmos e de nosso lugar no mundo.
Portanto, quando nos encontramos no deserto, é uma oportunidade de olhar para dentro de nós mesmos e mergulhar em uma jornada de autoconhecimento. É um convite para apreciar a beleza nas coisas simples, aprender com os desafios, ser resilientes e refletir sobre nossa essência. Pois, no final das contas, o verdadeiro tesouro do deserto está dentro de nós, e é através dessa jornada interna que encontramos o verdadeiro significado de nossa existência.
Já viu um D?
Já viu um D? Isso mesmo. Um D de verdade. Um D sem defeito. É lindo ver um D bem desenhado, decorado. Minha mãe prefere o dourado. De qualqu...
-
A música começa a tocar, e de repente sou transportado para outro lugar. Uma cena de um filme, um momento marcante, uma emoção avassaladora....
-
Meus brinquedos nunca se quebravam. E foi assim que entendi que embora nada durasse para sempre, eu poderia muito bem me atuali...
-
Não quero cruz e nem orações. Não quero preces, talvez lamentações e dor. Talvez. Não quero padres nem pastores. Não fui ovelha e nem filho ...