segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Existe privilégio em estar só?

Entender quem sou também me fez enxergar a mente e suas complexidades. Durante um estudo sobre o autismo, deparei-me com uma colocação de um menino autista que dizia o seguinte: "Não é porque eu não quero falar que eu não quero ouvir." Essa frase foi o ponto de partida para a minha maior busca, a de compreender exatamente quem sou e como me relaciono com os outros e comigo mesmo.

Essa busca foi extremamente cativante para mim, pois, embora em minha mente tudo parecesse normal, meus relacionamentos e minha forma de conversar eram desafiadores. A parte mais difícil de entender era por que eu via o mundo de forma tão equivocada. Eu me considerava amigo de todos, capaz de conversar com qualquer pessoa e desenvolver qualquer tipo de diálogo. Eu me via como uma pessoa amigável e receptiva, uma pessoa extrovertida, mas percebi que tudo não passava de imaginação. O que eu pensava que fosse, na verdade, não era.

Sinto tristeza por enxergar claramente quem realmente sou. A decepção é avassaladora quando me dou conta de que já passei quarenta anos imaginando um mundo perfeito que não existia. Minha mente me fez viajar por um longo tempo, distante de mim mesmo, sem sentir o que os outros sentiam quando falavam comigo, quando estavam comigo. Minha insatisfação em não querer estar perto, em não querer ouvir histórias ou trocar experiências, me fez refletir e planejar algo rápido. Mas a luta é muito maior do que eu, do que o "eu" que eu achava que era.

Embora eu tenha tentado me aproximar de pessoas desconhecidas para conversar, eu simplesmente não consigo. A vontade de desaparecer, de sumir com toda a minha família para um lugar distante, calmo, sem pessoas ao redor, sem ter que dar satisfações a ninguém, é tão real quanto o toque das teclas enquanto digito este texto.

No entanto, sigo em minha jornada de adaptação, com décadas de conselhos e instruções. É assim que continuo vivendo, em busca de entender a mim mesmo e encontrar meu lugar no mundo, mesmo que nem sempre seja fácil ou compreensível. Cada passo é uma descoberta, uma oportunidade de crescimento e autodescoberta, na esperança de encontrar a paz e a harmonia entre quem sou e como me relaciono com os outros.

Já viu um D?

Já viu um D? Isso mesmo. Um D de verdade. Um D sem defeito. É lindo ver um D bem desenhado, decorado. Minha mãe prefere o dourado. De qualqu...