sexta-feira, 17 de janeiro de 1997

No dia 13 e vou.

Com os pés cheios de poeira e calçando um chinelo de dedos, eu caminhava sem rumo pelas ruas do meu bairro. Era uma rotina que eu tinha desenvolvido ao longo dos anos, uma forma de escapar da monotonia do meu cotidiano. Eu seguia a rua de casa até o fim e voltava pela rua de cima, sem pressa, sem destino certo.

Não havia muita coisa bonita naquele bairro, exceto pelo apelido do meu vizinho, que era conhecido por todos como "Bonito". Mas mesmo ele não era motivo suficiente para me fazer ficar por ali. Eu precisava estar só, buscar minha própria companhia e encontrar respostas para as perguntas que me atormentavam.

Minha mãe já estava acostumada com as minhas escapadas. Sempre que eu precisava de algo novo ou simplesmente queria fugir da rotina, eu dizia a ela: "- Mãe, vou ali!". Talvez ela pensasse que eu estaria na casa de algum amigo na vizinhança, mas na verdade eu pegava minha bicicleta e ia longe, muito longe.

Às vezes, optava por ir de trem ou de metrô, explorando diferentes partes da cidade. Eu observava as pessoas ao meu redor, fazia julgamentos sobre suas vidas e refletia sobre a minha própria existência. Era uma forma de autoconhecimento, uma busca incessante por entender quem eu era e encontrar a paz interior.

Eu gostava de ficar sozinho, em meio à agitação da cidade. O barulho dos carros, o movimento das pessoas, tudo isso me acalmava de alguma forma. Eu me sentia parte do mundo, mas ao mesmo tempo me sentia distante, como se estivesse observando tudo de uma perspectiva única.

Nessas caminhadas solitárias, eu encontrava um refúgio. Longe das preocupações do dia a dia, eu podia refletir sobre minha vida, minhas escolhas e minhas emoções. Às vezes, encontrava respostas, outras vezes apenas mais perguntas. Mas o importante era o ato de buscar, de me permitir explorar e me conhecer melhor.

Eu aprendi a apreciar a solidão, a encontrar beleza nas pequenas coisas ao meu redor. Um pássaro cantando, uma flor desabrochando, uma criança sorrindo. Esses momentos simples me traziam uma sensação de plenitude e me lembravam que a vida é feita de detalhes.

Com o tempo, percebi que não precisava ir tão longe para encontrar o que buscava. A resposta estava dentro de mim, nas minhas próprias experiências, nas minhas emoções e nas minhas escolhas. Eu comecei a me aceitar mais, a valorizar quem eu era e a encontrar a calma que tanto buscava.

Hoje, mesmo com os pés ainda cheios de poeira e o chinelo de dedos nos pés, eu caminho pelas ruas do meu bairro com um olhar diferente. As mesmas ruas que antes me pareciam monótonas e sem graça, agora têm uma nova luz. Eu encontro beleza nas pequenas coisas, nos detalhes do cotidiano, e aprendi a valorizar a minha própria companhia.

Já viu um D?

Já viu um D? Isso mesmo. Um D de verdade. Um D sem defeito. É lindo ver um D bem desenhado, decorado. Minha mãe prefere o dourado. De qualqu...