domingo, 14 de janeiro de 2007

O drama da bola de plástico.

Rasgaram a minha alma em pedaços. Meu coração batia acelerado enquanto eu observava cada detalhe e canto possíveis daquela casa. Eu estava parado em frente à mesma casa onde da última vez que chamei por alguém, a reação não foi tão boa. Mas eu estava ali, determinado a descobrir o que aconteceria se eu não os chamasse novamente. A casa pertencia a um casal, sem filhos, sem crianças, mas com vários cães para cuidar. Mesmo assim, enchi o peito de coragem e gritei: "Dona Cida!".

Nenhuma resposta. Chamei uma segunda vez e, para minha surpresa, a porta se abriu lentamente. Vi pés se aproximando, mas não conseguia ver os donos. Quando a pessoa se aproximou, percebi que era um homem. Ele estava segurando algo em uma das mãos e sorria enquanto vinha em minha direção. Ele olhou para mim e disse: "Isso é seu?".

Meu coração acelerou ainda mais quando vi o que ele segurava. Era a minha alegria, o meu objetivo, a minha bola de estimação. Eu assenti com a cabeça e disse que sim, era minha. O homem então tirou a outra mão de trás das costas e revelou uma faca enorme. Meu coração afundou. Antes que eu pudesse reagir, ele cortou a minha bola de cima a baixo com um golpe certeiro.

Eu não pude conter as lágrimas. Voltei para casa com um pedaço de plástico rasgado nas mãos, sentindo uma dor profunda dentro de mim. Aquela bola tinha sido a minha fiel companheira por anos, e agora estava destruída. Cheguei em casa desolado, sem saber como enfrentar a realidade de perder algo que eu valorizava tanto.

Nos dias seguintes, senti um vazio imenso sem a minha bola. Tudo parecia menos colorido e alegre. Eu passava horas olhando para o pedaço de plástico rasgado, relembrando os momentos felizes que tive com ela. Sentia falta da sensação de correr atrás da bola, de brincar e me divertir com ela.

Mas aos poucos, comecei a encontrar outras maneiras de me alegrar. Descobri novos hobbies, como pintura e jardinagem, que me ajudaram a lidar com a perda. Fiz novos amigos, humanos e animais, que me mostraram que a vida ainda tinha muito a oferecer.

Um dia, enquanto estava no parque, encontrei um cachorrinho perdido. Ele parecia assustado e carente. Eu me aproximei dele com cuidado, lembrando da minha própria experiência de ter a minha bola rasgada. Para minha surpresa, o cachorrinho se aproximou de mim com confiança e lambeu o meu rosto.

Decidi levar o cachorrinho para casa e cuidar dele. Ele se tornou o meu novo companheiro de aventuras, e juntos brincávamos e nos divertíamos. Ele não substituía a minha bola, mas preenchia um vazio no meu coração.

Com o tempo, aprendi a aceitar a perda da minha bola e a valorizar as novas experiências e o novo amigo que tinha em minha vida. Também aprendi a ser mais cauteloso ao confiar em estranhos e a não assumir que todos têm as melhores intenções. A experiência de ter minha bola rasgada me ensinou a ser mais atento e cuidadoso em minhas interações com os outros.

Com o cachorrinho ao meu lado, comecei a explorar novos lugares e descobrir novas aventuras. Íamos ao parque todos os dias, brincávamos na praia e fazíamos longas caminhadas pela floresta. A presença do novo amigo trouxe de volta a alegria e a diversão em minha vida.

Além disso, encontrei consolo na arte. Comecei a pintar quadros que expressavam minhas emoções e sentimentos em relação à perda da minha bola. A pintura se tornou uma forma terapêutica de expressar minha tristeza, mas também de encontrar beleza nas pequenas coisas ao meu redor.

Com o tempo, minha arte começou a ganhar reconhecimento. Recebi convites para expor em galerias locais e até mesmo vendi algumas de minhas pinturas. A arte se tornou uma paixão renovada em minha vida, proporcionando uma nova maneira de me expressar e encontrar significado após a perda que havia sofrido.

Além disso, meu novo amigo de quatro patas se tornou um fiel companheiro. Ele era leal e carinhoso, sempre me animando nos momentos difíceis. Nossos laços se fortaleceram a cada dia, e sua presença trouxe uma nova dimensão de amor e alegria à minha vida.

Com o tempo, percebi que a perda da minha bola foi uma experiência dolorosa, mas também me ajudou a crescer e a valorizar as coisas preciosas que ainda tinha em minha vida. Aprendi a ser grato pelo que tinha, a ser mais cuidadoso em minhas escolhas e a encontrar novas maneiras de ser feliz.

Hoje em dia, continuo pintando, explorando novos lugares com meu amigo de quatro patas e valorizando as pessoas e os momentos especiais em minha vida. A perda da minha bola deixou uma cicatriz em minha alma, mas também me tornou uma pessoa mais resiliente e apreciativa. Aprendi que mesmo nas situações mais difíceis, sempre há a possibilidade de encontrar alegria e significado, se estivermos dispostos a abrir os olhos e o coração para as oportunidades ao nosso redor. E, acima de tudo, aprendi que o verdadeiro tesouro está nas relações e nas experiências que compartilhamos com aqueles que amamos.

Nenhum comentário:

Já viu um D?

Já viu um D? Isso mesmo. Um D de verdade. Um D sem defeito. É lindo ver um D bem desenhado, decorado. Minha mãe prefere o dourado. De qualqu...